Stonehenge


E talvez você estranhe ao me ouvir
Não costumo me comunicar assim
Mas preste atenção quando a chuva cair
Você vai me ver

Já tentei ser mais do que eu sempre fui
Mas esqueci que é impossível crescer
Pois todo o sangue que nas minhas veias flui
Ainda não conseguiu aquecer meu coração

Inabalável
Não há como fazer você parar pra pensar
Como eu tenho agido nos últimos dias
Em que eu lhe vi

Você não merece tudo que eu ouso sentir
Você não merece tudo que eu ouso sentir e dói demais

E dói demais ter você assim
Nunca há paz pra você nem pra mim
Por isso eu quero saber o que fazer

E nada mais parece te abalar
E nada mais te faz rir ou faz chorar
Não há ninguém aqui pra você provar que existe

Não há ninguém aqui pra você provar que existe

Lucas Silveira

Eu cantarei pela última vez pra você
Então nós realmente teremos que ir
Você foi a única coisa certa
Em tudo que eu fiz
E eu quase não posso olhar pra você
Mas toda hora eu faço
Eu sei que vamos conseguir em algum lugar
Longe daqui

Anime-se,
Como se você tivesse uma escolha
Mesmo que você não possa ouvir minha voz
Eu estarei do seu lado
E nós correremos por nossas vidas
Eu quase não consigo falar, eu entendo
Porque você não consegue levantar sua voz e dizer

Em pensar que eu talvez não veja aqueles olhos
Se torna tão difícil não chorar
E enquanto nós dizemos esse longo adeus
Eu quase choro...

Mais devagar,
Nós não temos tempo pra isso
Eu só queria encontrar um caminho mais fácil
Pra sair de nossas cabecinhas
Tenha coragem
É provavel que sintamos medo
Mesmo que seja por poucos dias
Fazendo com que as coisas fiquem melhores


De onde vens


Com uma grossa lágrima lavas a tristeza,
Que os amados te causaram de repente,
E invocaram com alguma aspereza,
Por em ti não acreditarem, simplesmente.

Lágrima de tristeza, solidão e desalento
Que expulsas dos olhos com tanto ardor
Pois para ti o mundo caiu neste momento
Quando duras palavras destruíram seu esplendor.

Sentes desamparo, abandono em verdade
Pois no coração ficaste ferido
Por vezes palavras deixam saudade
Do que um dia foi, quem te era querido

Mas olhando à tua volta entendes
Que a vida é muito mais do que o agora
A perdoar então aprendes
Pois os que amas um dia vão embora

Decidido, voltas a erguer a mão
E fazes promessas imortais
Pois aqueles que ferem teu coração
Um dia verão o quanto são banais

Por fim, deixo um conselho de amigo:

Ergue a cabeça e luta pelo que tens
Não olhes aonde vais, mas sim de onde vens
Acredita em ti próprio até ao fim
Pois caso contrário, ninguém o fará por ti
.



Imaginário

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Estava tudo escuro, ouvia os roncos, o som tedioso dos móveis de mogno estalando, o calor trazendo moscas para o naco de carne apodrecendo sobre a mesa.

Porque não foge? – me perguntou o amigo imaginário – leva contigo só uma companhia, aquela que te liberta. Se isso significa partir sozinho, que seja, vá só. Se não, leve consigo essa alma poderosa e assustadora que se parece tanto com a sua. Diamantes em estado bruto, sujos, maltrapilhos iluminados. O cúmulo, uma beleza estúpida que brilha secretamente sob uma casca grosseira e rude de silêncio e insatisfação.

Brigas virão, crises virão. Quando passarem fome se estapearão, falarão coisas más um ao outro, mas juntos nesse mundo assustador a companhia um do outro os alimentará e suas mãos permanecerão dadas porque a coragem de partir une os selvagens. Os covardes ficam encalacrados, atados em seus sofás enraizados no mundo paralisado das massas de manobra com seus sonhos de aposentadoria suave, bem remunerada, viagens nas férias, descontos nos supermercados, uma boa injeção para a dor.

Porque não abre essa porta e foge? Deixa de ser covarde, pisa teu pé descalço na rua e sente o frio do asfalto banhado pelo azul lunar. Tem medo de um mero bicho de pé? Sentirá medo então da estrada infinita, estendida a sua frente. Seu caminho infinito, suas possibilidades infinitas causam medo a tua cabeça condicionada em crer no futuro como a garantia de um bom plano de saúde, um local decente para ser enterrado. Tua vã dignidade, teu coração estagnado.

Foge meu amigo, se morrer amanhã tendo pisado fora da gaiola, morrerá livre para voar, como um passarinho livre que eu sei, tu sempre quis ser.

Eu recolho as malas. Meu amigo imaginário ri. Não é desprezo, ele tentou me assustar com esse papo – Tu não é homem, e não estou dizendo isso por mal. Tu é um menininho. Volta para tua cama, se cobre e deixa o calor te abençoar mais esta noite. Logo te acordo e obrigo a abrir essas asas.