Promessas

Eu cheguei a prometer mudança. Cortar o cabelo, rasgar algumas calças e rabiscar desenhos na mão.
Joguei uns posters fora, troquei a colcha de cama e joguei umas lembranças pra debaixo da cama e comecei a trancar a porta do quarto. Era melhor que eu começasse a exigir minha privacidade agora.

Eu precisava de um tempo só meu, sem que ninguém ficasse me perguntando como eu estava, se eu precisava de ajuda. Não preciso de compaixão e muito menos de olhares de piedade.
Mas com o tempo, brincar de ser outra pessoa cansou. Não era aquele o meu tipo. Muito menos era eu. Eu tinha mudado as roupas e viajado pra debaixo dos espectros da escuridão. Mas eu continuava a mesma perdida de sempre. Um coração satélite perdido na escuridão.
Era melhor então voltar ao que eu era e parar de fingir uma superação que não existiria nunca.
E não importava o rumo das coisas.Tudo sempre continuaria do mesmo jeito. As paredes, as fotos velhas. As lembranças continuavam longes das minhas mãos, se protegendo e com medo que eu as jogassem fora.
Então seria assim. Eu estava de volta. Tão sem graça quanto antes. Eu coloquei tudo de volta no lugar.Colei os posters na parede de novo.Mas resolvi continuar usando os jeans rasgados.

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